sábado, 2 de julho de 2011

Pipoca moderna


Da religiosidade baiana a pratos contemporâneos, a pipoca vai além dos saquinhos de papel. Aprenda receitas para servir à mesa

FONTE : Camilla

Foto: Divulgação
Seguindo a tradição pantaneira, o arroz de carreteiro do Oryza leva pipoca salgada



Comprada em carrinhos de rua ou feita em casa, não há quem resista à pipoca quentinha. Mas, além dos saquinhos de papel e tigelas coloridas, é possível comer os grãos de milho inflados com garfa e faca. Como ingrediente especial de receitas doces, salgadas e até em drinques, a pipoca aterrissa em pratos e copos.

Foto: Rafa Medeiros/Divulgação Ampliar
Drinque do recifense É, para comer e beber
Douglas Van Der Ley, do restaurante É, em Recife, tem como fonte de inspiração na cozinha os lúdicos parques de diversão. Em sua casa de comida contemporânea, serve filé com farofa de pipoca e guarnece milho estourado no vistoso frozen de manga. “A combinação com carne é muito feliz, e traz uma sensação completamente inusitada”, diz. Com a bebida, a proposta é outra. “Ela é parte do coquetel, que deve ser comido e bebido ao mesmo tempo.” Experiências gastronômicas à parte, a beleza da apresentação é indiscutível. “Dá um efeito diferente, elas parecem uma escultura com flores de cerejeira.”

Mas não é de hoje que o ingrediente é usado em receitas. Daniela Amendola, do paulistano Oryza, serve arroz de carreteiro com pipoca em alusão ao preparo que experimentou anos atrás, no Pantanal. “Os trabalhadores rurais comem isso antes do amanhecer, pois viajam longas distâncias e ficam horas sem se alimentar.” A refeição é chamada de quebra-torto e o prato, que também leva ovo, tem sustância suficiente para aplacar a fome durante a longa jornada. Ali, as pipocas, temperadas apenas com uma pitada de sal, são o último ingrediente a entrar no prato. Além de decorar, conferem textura crocante à receita.



Em outro canto do País, na Bahia, a pipoca está ligada à religiosidade e aparece, entre outros pratos, no caruru oferecido aos santos gêmeos Cosme e Damião. “Essa é originalmente uma comida ritual do candomblé, provavelmente trazida para o Brasil pelos escravos africanos”, diz Tereza Paim, do Terreiro Bahia, na Praia do Forte. “É um prato oferecido a quem nasce em setembro e, seguindo os preceitos religiosos, não pode ser acompanhado de bebida alcoólica." A chef segue a tradição e serve o caruru com vatapá, arroz, xinxim de galinha, acarajé, pipoca e mais pirulito ou rapadura.



Receitas populares como bolos e sopas também recebem o ingrediente como complemento divertido. Na Brigadeiro Doceria & Café, em São Paulo, o bolo feito apenas de pipocas caramelizadas é receita da família da chef Beatriz Forte. "É algo super simples que gera a maior curiosidade”, diz. O doce é vendido apenas sob encomenda e, principalmente no mês de junho, faz o maior sucesso. Na rede de restaurante Wraps, a sopa de milho leva pipoca no lugar dos tradicionais croutons. Simplicidade e criatividade para dar uma cara diferente aos pratos do dia a dia.


Foto: Divulgação Ampliar
Bolo de pipoca da Brigadeiro Doceria
Bolo de pipoca
Receita da Brigadeiro Doceria & Café, em São Paulo, SP
Ingredientes
1 xícara (chá) de pipoca
1 xícara (chá) de açúcar
1 xícara (chá) de água
1 xícara (chá) de glucose de milho
Baunilha a gosto
1 colher (chá) de vinagre
Manteiga para untar a forma
Modo de preparo
Estoure a pipoca e reserve. Numa panela, faça uma calda com o açúcar, a água, a glucose de milho, a baunilha e o vinagre. Também é possível acrescentar gotas de corante para um bolo colorido. Quando a calda estiver borbulhando grosso, despeje na pipoca, misturando tudo com uma boa porção de manteiga para facilitar. Coloque na forma de sua preferência untada com manteiga, apertando bem para unir as pipocas. Desenforme ainda morno e decore como desejar.

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