Hudson Silva cursa Filosofia na UFPI e foi ferido durante a ação da tropa de choque na semana passada.
O estudante de
Filosofia da Universidade Federal do Piauí, Hudson Silva Teixeira, 21
anos, ferido no protesto que ocorreu na terça-feira (18), está
temporariamente cego do olho direito atingido por estilhaços de uma
bomba de efeito moral lançada pela tropa de choque da Polícia Militar.
Ele afirma que deve entrar com uma ação coletiva contra o Estado
juntamente com outros manifestantes que foram feridos ou presos durante
os atos.
“Estou
com uma cegueira temporária no olho direito que está cheio de edemas e
com um traço no fundo. O médico disse que é normal este machucado
regredir com o tempo, mas que pediu que eu ficasse atento caso piore”,
descreveu.
O
universitário revelou ao CidadeVerde.com que o incidente aconteceu após
a chegada da tropa de choque do Batalhão de Operações Especiais (Bope)
chegou à avenida Frei Serafim. “Estava todo mundo sentado quando os
policiais chegaram e mandaram a gente sair. Ninguém deu atenção. Depois
eles vieram de novo e em seguida a tropa de choque armada e dando tiro
em todo mundo”, narra.
Hilton
conta que neste momento houve um tumulto muito grande. “Jogaram spray
em todo mundo. Muita gente correu. Eu corri, mas voltei depois. Foi aí
que jogaram a bomba no meu pé e deram os tiros de borracha que me
atingiram pelo menos duas vezes: na perna e nas costas. Quando a bomba
explodiu eu pensei que era de gás, mas quando eu corri, comecei a ver
muito sangue saindo do meu olho. Na mesma hora o meu olho inchou muito e
fechou . Foi quando eu percebi que não estava enxergando muito”,
descreve.
Socorro
O
estudante diz que os estilhaços da bomba atingiram diretamente seu olho
e nariz. Ele afirma ainda que os policiais jogaram o explosivo de muito
próximo. “Não conseguiria reconhecer quem jogou porque eles vieram em
pelotão, com uma parede de escudo na frente e os de trás atirando”.
Após
ser atingido, Hudson diz que foi amparado por outros manifestantes e
uma jovem ligou para o Samu chamando a ambulância que foi apanhá-lo
próximo ao IFPI e levá-lo ao HUT. “Tentaram me atender na enfermaria do
Cefet (sic) mas não tinha lugar e acharam por bem me levar ao
hospital”.
Processo
O
universitário disse ainda que deve entrar com uma ação contra o Estado.
“O pessoal que foi preso ou agredido já entrou em contato comigo e
devemos entrar com uma ação coletiva com todos”, pontua.
Hudson,
que trabalha como auxiliar administrativo, teve que se afastar do
emprego por 20 dias. “No momento eu não estou trabalhando, recebi folga
por causa do acidente, mas o ferimento atrapalha muito no cotidiano”,
revela. Enquanto isso, ele continua indo ao médico esporadicamente.
Manifestação
O
estudante também dá sua opinião sobre a postura da prefeitura de
Teresina e dos próprios estudantes e membros de diversas entidades que
participam dos protestos. “Tá uma coisa meio em cima do muro. A galera
não está desistindo e o Elmano também não. É preciso abrir caminho para
negociar, para baixar (o valor da passagem)”, avalia.
Ele
acrescenta que, em sua opinião, a integração está sendo feita de forma
precipitada. “Aqui é o único lugar onde você tem que pagar a segunda
viagem e é possível ver que piorou o trânsito. Quando chega o meio-dia, a
Frei Serafim está um caos. Os ônibus ficam enfileirados e só se liberam
quando chegam na praça da Bandeira”, critica.
Quando
questionado se se arrepende de ter participado dos atos, Hudson é
taxativo: “Não me arrependo de nada e faria tudo de novo mesmo”.
fonte: Carlos Lustosa Filho
redacao@cidadeverde.com
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