sexta-feira, 23 de março de 2012

Fã guarda museu com raridades da carreira de Chico Anysio, no Ceará


Acervo inclui tela inacabada e exemplar do primeiro livro de Chico.
Para humorista Jader Soares, Chico teve ‘mais de 200 vidas’.

fonte: Gabriela Alves Do G1, em Fortaleza
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Jader (Foto: Divulgação)Jader acredita que Chico deve mais 200
vidas (Foto: Gabriela Alves/G1)
O humorista cearense Jader Soares guarda raridades da carreira do ídolo e amigo Chico Anysio, cearense do município de Maranguape. O pequeno museu está no Teatro Chico Anysio, fundado em Fortaleza há 20 anos por Soares, e abriga, por exemplo, uma tela inacabada do humorista, troféus e um exemplar de 'O Batizado da Vaca', de 1972, primeiro livro do artista. Jader Soares conheceu Chico Anysio em 2003 em um festival de humor em Fortaleza. 'Chico tem mais de 200 vidas', diz Soares.
“De cara, a gente se gostou”, conta Soares. A amizade com Chico Anysio e com o filho e empresário, André Lucas, começou pelo interesse em produzir um livro sobre o humorista e fez com que Jader colecionasse, além dos presentes, muitas histórias e recordações. “Quando ele vinha para Fortaleza, só queria que eu o fosse buscar no aeroporto. Quando ia para o Rio de Janeiro, me hospedava muitas vezes na casa do André e sempre o encontrava”, diz.
Dos encontros em Fortaleza ou no Rio, Jader Soares levava para casa algum “carinho” ou lição de Chico. Ao mostrar a tela inacabada, ele se lembra da inquietude e dos múltiplos talentos do artista. “O Chico não conseguia ficar parado. Sempre dizia que queria comprar dias com 25 horas, mas o Ziraldo (cartunista) já tinha comprado todos”, diz.
O catálogo do espetáculo “Chico Anysio Só...”, primeiro show do humorista, em 1970, pode ser folheado com cuidado e muitas risadas por quem visita o acervo de Jader. A publicação está guardada em uma estante com edições dos mais de 20 livros publicados por Chico, além de outros registros do artista na música, na televisão e no cinema. Na mesa de prêmios e homenagens, está um Troféu Imprensa, dado ao 'Chico Anysio Show' por melhor programa humorístico de 1985 da televisão brasileira.
Vidas e personagens
Tela do quadro inacabado feito por Chico Anysio (Foto: G1)Tela do quadro inacabado feito por Chico Anysio
(Foto: Gabriela Alves/G1)
A admiração por Chico Anysio acompanha Jader muito antes da amizade dos dois. Formado em História pela Universidade Estadual do Ceará (Uece), Soares foi professor por 12 anos e deixou a sala de aula para viver exclusivamente de humor, com o personagem Zebrinha e shows educativos. A inspiração para fazer as pessoas rirem vem de Chico Anysio. “Sempre gostei do estilo do Chico de fazer humor. Eu me identifico com os textos politizados que ele fez durante a carreira”, diz.
Apesar de conhecer bem a carreira e a vida de Chico, Jader não consegue eleger um personagem preferido entre as 209 criações do artista. Nas paredes do teatro que leva o nome do humorista, são expostas quadros com ilustrações de 40 personagens feitas por Ziraldo, amigo de Chico.
“Até hoje, eu não consigo acreditar que era o Chico quem interpretava o Bozó (personagem conhecido pelo jargão 'Eu trabalho na Globo, tá legal!?'). Acho impressionante a transformação.
É completamente diferente dele”, confessa. No caso de outros personagens, como o Professor Raimundo, Jader diz enxergar a personalidade do humorista. “ No Professor Raimundo, vejo a generosidade do Chico. O personagem servia de escada para outros humoristas. Ele não é engraçado, ele deixa que outros sejam engraçados”, conta.
Homenagens
Um dos momentos mais emocionantes para Soares foi substituir Chico Anysio no palco em 2008. “Ele veio para um show com o André Lucas no Theatro José de Alencar. Teve de ser internado e me pediu pessoalmente para fazer o show no lugar dele”, lembra. Depois da substituição, Jader também foi convidado pelo próprio Chico para participar do show “Chico e Amigos”.
Além de homenagear Chico Anysio com a criação de um teatro que também abriga o Museu do Humor Cearense, Jader Soares escolheu a data do aniversário de Chico, 12 de abril, para idealizar o Dia do Humorista. A homenagem foi aprovada por vereadores e, em 2003, virou lei em Fortaleza e em Maranguape, cidade natal de Chico.

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