19 de outubro de 1822 o dia em que o Piauí começou a virar o jogo
Comemora-se nesta data o Dia do Piauí, marcado no calendário estadual por força de lei aprovada pela Assembleia Legislativa
Francisco Leal
Heróis do Jenipapo: monumento lembra a batalha (Foto:Paulo Barros)
O dia 19 de Outubro 1822 marca, oficialmente, o início do movimento libertário no Piauí. Foi quando parnaibanos, liderados por Simplício Dias da Silva, declararam a província independente de Portugal, mas leal ao príncipe Dom Pedro, filho de Dom João VI, que ao partir de volta para Lisboa deixou-o responsável pelos negócios do reino em terras brasileiras.
Comemora-se nesta data o Dia do Piauí, marcado no calendário estadual por força de lei aprovada pela Assembleia Legislativa, de autoria do deputado José Auto de Abreu. A criação de um dia para o Piauí àquela época, como ainda hoje, provoca discussões sobre qual realmente é o dia mais importante na história da antiga província.
O 19 de Outubro, segundo os historiadores que defendem ser Parnaíba o centro irradiador das ideias de liberdade, coloca sobre as cabeças de Simplício Dias da Silva e do juiz João de Deus e Silva os louros da independência e deixam em plano inferior os passos seguintes do movimento, registrados, principalmente em Oeiras e Campo Maior.
Rico fazendeiro, dono de navios e de centenas de escravos, Simplício Dias da Silva, cujo corpo foi sepultado no altar da Igreja de Nossa Senhora das Graças, no Centro de Parnaíba, proclamou a independência, mas não teve como sustentá-la. Diante da ameaça de invasão da cidade pelas tropas do comandante português João José da Cunha Fidié, governador das armas do Piauí, Simplício Dias refugiou-se com seus seguidores na cidade cearense de Granja, deixando Parnaíba livre para a entrada das tropas inimigas.
Há, no entanto, os que defendem o 24 de Janeiro como a verdadeira data da Independência do Piauí. Foi nesse dia, no ano de 1823, que o brigadeiro Manoel de Sousa Martins, futuro Visconde de Parnaíba, não só anunciou a adesão da província como tomou o poder. O brigadeiro, com Fidié ausente de Oeiras, dominou a pequena tropa do exército português que havia ficado na cidade, prendeu os poucos resistentes, e começou a governar.
O 24 de Janeiro de 1823, na opinião de muitos, é o verdadeiro dia do Piauí, levando em conta que Manoel de Sousa Martins tanto proclamou a independência como encarnou o poder de fato, sendo imediatamente reconhecido como presidente da província e assumindo a responsabilidade por sua administração. A Simplício Dias da Silva, de Parnaíba, faltou o poder, embora tenha sido o primeiro a se manifestar publicamente pelo rompimento com Portugal.
A Batalha do Jenipapo, no dia 13 de Março de 1823, é outra data importante da história do Piauí. O encontro sangrento das tropas de Fidié com um bando de caboclos piauienses e cearenses sem qualquer preparo militar, às margens do rio Jenipapo, em Campo Maior, pode ser considerado como o grande ato de fervor patriótico da história. A guerra chocou por sua crueldade - foram cerca de 400 mortos -, mas serviu, apesar da derrota brasileira, para unir a população em torno da causa, finalmente vitoriosa.
A importância da batalha é reconhecida de maneira oficial pela bandeira do Piauí, que, também por força de lei estadual, estampa a data 13 de Março de 1823. O Piauí é, portanto, um estado com três datas para uma mesma história.
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