Vou logo ser claro no
começo para evitar equívocos: eu tenho convicção de que gays, héteros e
bissexuais não são doentes por conta de suas opções.
1 – Não existe projeto
de lei que IMPONHA tratamento de saúde a homossexuais no Congresso
Nacional. Não existe sequer lei oficial que trate homossexualidade como
doença.
2 – O termo “cura gay”
tratado atualmente na Comissão de Direitos Humanos é oriundo de um
documento do Conselho Federal de Psicologia de 1999. E é justamente
sobre este documento que estão centradas as discussões na Câmara
Federal.
3 – O projeto debatido
na Câmara não propõe “cura gay”, mas sugere a supressão de dois trechos
da tal resolução instituída em 1999 pelo Conselho Federal de Psicologia.
Que são: “os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que
proponham tratamento e cura das homossexualidades” e “os psicólogos não
se pronunciarão, nem participarão de pronunciamentos públicos, nos meios
de comunicação de massa, de modo a reforçar os preconceitos sociais
existentes em relação aos homossexuais como portadores de qualquer
desordem psíquica”.
4 – O que o Conselho de
Psicologia fez foi simplesmente calar as discussões sobre o assunto de
maneira covarde. Conceituou de ‘cura gay’ de maneira IRRESTRITA o
tratamento psicológico. Qualquer pessoa em sã consciência não apoiaria
tratamento imposto. Mas, e se o hétero, bissexual ou gay QUISER ajuda
psicológica? Quem é o CFP para dizer a héteros, bissexuais ou gays que
eles não podem se indispor com suas opções e tentar buscar ajuda de um
profissional?
5 – Quem criou a ‘cura
gay’ não foi a Câmara de Deputados, foi o Conselho Federal de
Psicologia! A contradição nesse discurso é óbvio. Por acaso um hétero
que busque a ajuda de um psicólogo para se assumir homossexual e
conviver melhor com sua condição estará se curando de alguma doença?
Então porque o contrário é verdadeiro?
6 – A supressão destes
dois termos não implica de maneira alguma em perseguição a homossexuais
pelo Estado. O cerne da discussão é o seguinte: um gay, hétero ou
bissexual insatisfeito com sua condição pode buscar a ajuda de um
psicólogo, ou não? E, vejam bem, procurar a ajuda de um psicólogo por
conta de insatisfação não significa que ao fim do tratamento teremos um
hétero, gay ou bissexual. Pode ser que sim, pode ser que não. O que o
Conselho Federal fez foi acabar com a primeira opção. Gays, héteros e
bissexuais por vontade própria não podem procurar psicólogos com a
intenção de buscar ajuda.
7 – Da mesma forma que é
absurda qualquer tentativa de impor a qualquer pessoa que seja “curada”
de sua sexualidade, é totalmente arbitrária e desrespeitosa a supressão
do direito de uma pessoa, inconformada com sua orientação sexual, de
procurar tratamento.
Sem mais…
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