Heitor Scalambrini Costa
Professor da Universidade
Federal de Pernambuco
No século passado, tivemos um jovem e esportivo candidato a
presidente da República que ficou conhecido como “o caçador
de marajás”, e que logo depois de eleito acabou sendo defenestrado do trono
presidencial, pois o próprio, junto com seu ex-tesoureiro da campanha
eleitoral, estavam enriquecendo (mais ainda) às custas das maracutaias promovidas de dentro do
Palácio da Alvorada, com ramificações na Casa da Dinda.
Agora, passado 20
anos, surge o “caçador de raposas”. Discurso empregado pelo presidenciável
e governador de Pernambuco para se referir à necessidade de “aposentar as
raposas da política brasileira”. Entenda-se aqui como “raposas” os políticos
profissionais, quase eternos, aqueles que, como diz o governador,
contribuem para uma política “mofada, cansada e atrasada”. Para os marqueteiros
do presidenciável pernambucano, o objetivo é
de apresentá-lo como o “novo”, aquele que vem
para fazer uma “nova política”. Assim, é
preciso construir uma imagem positiva e criar, junto à opinião publica,
a figura de um político dinâmico, bom administrador, gestor público competente,
diferenciado-o das velhas praticas políticas e dos políticos de carreira desgastados
junto à população.
Essa estratégia já deu certo uma vez, e por que não
agora, que a desilusão tomou conta dos
eleitores que foram as ruas protestar? O partido no poder há 11 anos já não atende aos reclamos e demandas da população, que exige mudanças.
Prometeu “mundos e fundos” e acabou no lugar comum da corrupção, dos
acordos políticos inexplicáveis, da velha
pratica de “fazer política no país”, simbolizada pela máxima
“é dando que se recebe".
Sem duvida quem
acompanha a trajetória do jovem governador, mas já idoso nos caminhos sinuosos
da política brasileira, conhece muito bem sua
obsessão em conquistar e exercer o poder, não levando em consideração os meios
para chegar lá.
Em Pernambuco,
os exemplos da conduta e da pratica política deste jovem-velho político são
inúmeros. O nepotismo reinante no Estado com parentes distribuídos em cargos
públicos, que teve seu ápice no envolvimento
direto do governador
na eleição da própria mãe a um cargo vitalício no Tribunal de Contas da
União. Os acordos “toma lá, dá cá” com os prefeitos e deputados estaduais, o
que o tornou praticamente um governante sem oposição. Simbolicamente, essa pratica
ficou evidente quando patrocinou a mudança na Constituição Estadual, para que
um seu aliado político fosse reconduzido à
Presidência da Assembleia Legislativa pela
quarta vez (talvez seja conduzido novamente a
um quinto mandato, como o próprio afirmou só depende do
governador querer). Sem falar no chamado “desenvolvimento predatório” que tem
patrocinado seu governo.
O que se
desvenda dessa obsessão pelo poder do jovem e
esperto governador é que ele age muito mais como amigo das raposas, de que como predador. Basta ver seus acordos e alianças
espúrias pelo Brasil afora, nada programáticas,
formando o bloco dos econeoliberais socialistas, voltados a um único objetivo: ascender ao poder de presidente da República. E
ainda diz o que todos querem ouvir, que é
necessária mudança profunda do sistema político. Só acredita que não o conhece.
O importante nessa estória toda é não esquecer do passado recente
do jovem-velho e
ficar atento, pois a caça pode ser você.
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