terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Por conta do vício em crack, usuária de drogas doou os três filhos no Piauí

Maria Eunice Miranda, de 32 anos (Foto: Ellyo Texeira/G1)Maria Miranda, de 32 anos (Foto: Ellyo Texeira/G1)
Maria Eunice Miranda, de 32 anos, conta que convive com a solidão em um terreno baldio conhecido como ‘cracolândia’, localizado a cerca de 300 metros do Hospital de Urgência de Teresina (HUT), no bairro Redenção, Zona Sul da capital. Ela prefere não mostrar o rosto e relata ser usuária de drogas desde os 15 anos. Viciada em crack, Eunice teve três filhos de pais desconhecidos, frutos do período em que se prostituía para comprar drogas. Por conta da dependência, preferiu doar as crianças e hoje sequer sabe onde estão os filhos.

Ela engravidou três vezes e, em todas elas, doou os bebês para pessoas que queriam uma criança, mesmo sem saber direito quem eram as famílias. Hoje ela não sabe onde estão os filhos, duas meninas e um menino. “Obcecada para ganhar dinheiro e poder comprar pedra (crack) eu fiz programas, não me preveni em todos e acabei engravidando três vezes. Sei que foi errado, mas pelo menos não abandonei os bebês, preferi dar para que fossem bem criados. Mas não sei onde estão meus filhos hoje”, diz emocionada.
Ela fala que aos 15 anos começou a fumar maconha, aos 17 vendia drogas e logo depois começou a usar crack, época em que saiu de casa e foi morar na rua. Foi nesse período que ela se prostituiu para conseguir dinheiro para manter o vício. Para ela, a dependência química a fez perder tudo.
“Foi duro para mim, mas o pior seria vê-los no mesmo caminho que o meu. Preferi dar meus filhos porque sou usuária de drogas e sei que não tenho capacidade de cuidar deles. Estou condenada para o resto da minha vida, pois sei que vou conviver com a solidão. Eu morava com meus pais até minha adolescência, logo depois casei e foi nesse tempo que comecei a usar várias drogas, mas quando passei a usar crack senti que tinha acabado com minha vida”, relata.
Maria Eunice afirmou que o maior arrependimento é ter começado a usar drogas e não poder acompanhar o crescimento dos filhos. “Troquei eles (sic) pela droga, esse é meu único arrependimento, mas sei que não estariam bem se estivessem comigo”, conta.
Ao ser questionada sobre sua família, Eunice prefere não dar detalhes, respondendo apenas que todos tinham morrido. “Todos eles morreram, para mim. Não quero mais saber de entrevista”, finalizou.

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