O Conselho de Sentença do Tribunal Popular do Júri de Teresina condenou Igor Rodrigues de Sousa, conhecido como “Lucas Ryan”, pelo assassinato de Gizele Vitória Silva Sampaio, mais conhecida como Sereia, a 22 anos e 2 meses de reclusão. A sentença foi proferida na noite desta terça (7) após mais de 12 horas de sessão.
Ele foi condenado pelos crimes de homicídio, com a qualificadora de feminicídio, e ocultação de cadáver. Lucas Ryan também foi condenado a pagar R$ 150 mil para a família da vítima.
O crime ocorreu em 2021 ganhou bastante repercussão por ser uma execução do "Tribunal do Crime", que é como são denominadas as decisões tomadas pelas facções criminosas por descumprimentos de normas próprias. Foram divulgadas fotos da vítima dentro de uma cova antes de ser assassinada. As imagens teriam sido divulgadas porque ela chegou a enviar uma mensagem para a família afirmando que seria morta.
No dia 28 de abril de 2021, familiares da vítima receberam, através de mensagem de WhatsApp, fotografia de Gizele Vitória, aparentemente morta, dentro de uma cova. O corpo dela só foi encontrado no dia 22 de maio daquele ano, após uma ossada, ser localizada na beira do Rio Poti, na região da Vila Mocambinho, dentro de uma cova rasa.
Segundo o Ministério Público, no dia do desaparecimento a jovem tinha marcado de se encontrar com o Lucas Ryan, onde ele foi até a residência dela e logo depois a adolescente desapareceu. O crime teria ocorrido devido a uma rixa entre facções criminosas, porque a vítima afirmava ser de uma fação, e estava indo para um local frequentado por membros de outra facção.
Julgamento
O julgamento iniciou por volta das 8h30, e foi comandado pela juíza Maria Zilnar Coutinho. Foram ouvidas testemunhas e os advogados. O promotor de Justiça João Malato, que é o responsável pela acusação, disse que Gizele foi morta porque seria membro de uma facção, mas morava em uma área comandada por um grupo rival.
"A polícia fez um trabalho muito bom, com a quebra dos sigilos telemáticos, e verificou-se que ele marcou um encontro com a vítima na madrugada do dia 8 de março. E após ele ter pego a vítima em casa, ela não foi mais vista, e depois o corpo dela foi encontrado quase dois meses depois. A investigação concluiu que o acusado é membro de uma facção e a vítima seria supostamente de outra. O lugar onde ela residia era dominado por outra facção, então esse seria o motivo da morte dela, porque ela morava em um local dominado por uma facção rival. Então foi um crime premeditado, pois levou a vítima até esse lugar e fez uma execução conhecida como Tribunal do Crime. E uma amiga recebeu fotos pelo Whatsapp dela cavando a própria cova, e nessas imagens mostra uma pessoa com a pistola apontando para a vítima. Posteriormente teve outra imagem dela morta dentro dessa cova", explicou o promotor João Malato.
O advogado Assis Silva, que faz a defesa de Igor Rodrigues, afirmou que ele é inocente e disse que não existem provas de que ele foi o responsável pelo homicídio.
"Ele marcava encontros com várias meninas, ele é um rapaz jovem, bonito, ele marcava por vezes, ele se encontrava com essas meninas, às vezes ele marcava com mais de uma menina para ver se conseguia ficar com alguma, ao longo da noite, nada mais natural, fazer uso das redes sociais para conseguir paqueras, mas a gente vai provar conforme a própria investigação que foi feita pela polícia de que todas as imputações a ele atribuídas não são verdadeiras, nós no momento nenhum estamos negando que o fato aconteceu, de que existe um crime bárbaro a ser apurado, mas que o primeiro direito de todo cidadão é o de ser bem acusado", destacou Assis Silva.
Por Roberto Araujo
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