O ginecologista José Bento.
Segundo o IBGE, 46% dos nascimentos no país não são planejados.
Mas, mesmo depois de tanto tempo, ainda surgem dúvidas sobre o uso correto desse contraceptivo, quais efeitos ele tem sobre o corpo, se há contraindicações e o que ocorre quando se esquece de tomá-lo.
Para responder a todas essas perguntas, e também falar sobre ciclo menstrual, pílula do dia seguinte e métodos alternativos, o Bem Estar desta terça-feira (26) convidou o ginecologista e consultor José Bento.
José Bento disse que a pílula deve começar a ser tomada, pela primeira vez, no primeiro dia da menstruação, e já faz efeito a partir daí. Entre a população feminina geral, menos de 10% apresentam efeitos colaterais por causa do comprimido, que também evita endometriose, cistos e câncer no ovário, miomas e infecções genitais, além de melhorar a pele, o cabelo e o inchaço típico dessa fase. Já antibióticos, atidepressivos e remédios para convulsão podem prejudicar a absorção dos hormônios e diminuir o efeito do anticoncepcional.
Caso a mulher não se adapte à pílula, pode escolher outros métodos. Porém, a tabelinha, o coito interrompido e a análise do muco cervical não são considerados seguros. Camisinha, dispositivo intrauterino (DIU), anticoncepcionais injetáveis ou adesivos podem ser opções.
De acordo com o especialista, o tipo injetável condensa uma cartela inteira em uma única ampola – e o conteúdo é liberado todo dia um pouco. Um problema dessa técnica pode ser uma maior irregularidade menstrual.
A pílula do dia seguinte, destacou José Bento, só deve ser usada em casos de emergência, como estupro e camisinha estourada. A recomendação é tomá-la até 72 horas após o ato sexual, e a proteção chega a 95%.
Ciclo menstrual
O ciclo da mulher é determinado por hormônios produzidos na glândula hipófise e nos ovários, que têm milhares de óvulos armazenados em folículos.
Nos primeiros dias, durante a menstruação, a hipófise libera o hormônio FSH, que estimula os folículos a crescerem e amadurecerem.
Um desses folículos se destaca e libera estrogênio, que induz a hipófise a secretar outro hormônio, o LH, responsável por liberar – lá pelo 14º dia – o óvulo, que começa a descer pela trompa em direção ao útero.
Após a ovulação, a progesterona faz com que o útero fique ainda mais espesso e aveludado, aguardando a chegada do óvulo, o que pode ocorrer próximo do vigésimo dia.
É nessa época que, se fecundado por um espermatozoide, o óvulo se fixa no útero. Caso isso não ocorra, o corpo o absorve e, então, desce a menstruação, resultado desse revestimento do endométrio (mucosa da parede uterina).
Dicas para tomar a pílula corretamente
- Tenha disciplina: ingira o comprimido todo dia no mesmo horário
- Coloque o celular para despertar
- Associe esse hábito a uma rotina, como tomar água ou abrir uma gaveta do guarda-roupa
- Tenha duas cartelas, uma em casa e outra na bolsa, para tomar sempre na mesma hora
É bom lembrar que esquecer o anticoncepcional um único dia já quebra todo o mecanismo de proteção contra a gravidez. Se você não lembrou num dia, tem até 12 horas para tomar. E, quanto maior o esquecimento, maior o risco.
Junto com a pílula, use sempre camisinha, que é a dupla proteção contra gravidez e doenças sexualmente transmissíveis (DST) recomendada pelo Ministério da Saúde. Sozinho, o comprimido não protege contra DSTs.
O homem também deve se preocupar com os métodos contraceptivos. Portanto, perguntar para a parceira se ela toma pílula não é risco de perdê-la, pelo contrário: é uma forma de valorizar a relação.
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