Para Ángel Rivera, porta-voz da Agência Estatal de Meteorologia da Espanha, "A única causa, e os modelos numéricos o confirmam, é que está muito ligado ao efeito dos gases-estufa. "Os cálculos indicam que são estas emissões de dióxido de carbono, CO2, e não outra causa, a que pode forçar este aumento de temperaturas a se mostrar realmente significativo nos últimos anos".
"A onda de ar quente do sul rumo ao norte está dando lugar a maiores fusões no Ártico. Depois, o aumento de água doce acaba influindo nas correntes de ar e, portanto, na criação de anticiclones e tempestades. Essa fusão do Ártico é um dos sinais mais claros de que o planeta esquenta e, sem dúvida, isso tem repercussões na circulação global do planeta, embora não saibamos exatamente como", destaca Rivera.
O Instituto Goddard de Estudos Espaciais (GISS) da Nasa em Nova York, que supervisiona a temperatura da superfície terrestre de forma permanente, divulgou uma análise atualizada que mostra as temperaturas no mundo todo em 2011, em comparação com a temperatura média global de meados do século XX.
Segundo este relatório, a temperatura média no mundo todo em 2011 foi de 0,92º F (0,51º C) mais quente que a linha de base de meados do século XX, e é uma tendência contínua. Assim, os primeiros 11 anos do atual século tiveram temperaturas notavelmente mais altas em comparação com o século XX.
Ángel Rivera, porta-voz da Agência Estatal de Meteorologia (AEM) da Espanha, explica: "O clima é o resumo, a envolvente do tempo durante uma série de anos. O que esses centros internacionais fazem é a avaliação global para toda a Terra e a avaliação das temperaturas nas diversas regiões depende de outros organismos. Nesse sentido, pode-se dizer que o ano passado, em nível global, claramente foi um dos mais quentes".
Segundo o relatório dos cientistas americanos, o problema é que a Terra está absorvendo mais energia do que emitindo. Para o meteorologista Rivera, "a única causa, e os modelos numéricos o confirmam, é que está muito ligado ao efeito dos gases-estufa. "Os cálculos indicam que são estas emissões de dióxido de carbono, CO2, e não outra causa, a que pode forçar este aumento de temperaturas a se mostrar realmente significativo nos últimos anos".
"Os cálculos são feitos com bastante seriedade no mundo todo e não se levam em conta efeitos locais, ou os efeitos de esfriamento de um forte influência do "La Niña" (fase fria do ciclo global do clima conhecida como El Niño-Oscilação do Sul), como tampouco a baixa atividade solar durante os últimos anos", acrescenta.
Durante muito tempo, os cientistas discutiram se realmente a causa do aquecimento global e o consequente degelo do Ártico eram produzidos pelas emissões humanas de CO2.
Rivera esclarece que a maior parte dos cientistas, e sobretudo o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), da ONU, "continua sustentando a ideia de que o dióxido de carbono e os gases do efeito estufa são os principais responsáveis por esta elevação de temperaturas".
"Os gases do efeito estufa estão aumentando, e disso ninguém dúvida, como ninguém dúvida de que a temperatura média do planeta está aumentando, embora haja debate sobre se determinadas cidades aqueceram um pouco mais que outras", ressalta o cientista.
No entanto, apesar das sucessivas tentativas de forçar legalmente os países a reduzirem a poluição, as emissões se transformam em bens de compra e venda e nem todos os governos colaboram para chegar a acordos.
O meteorologista indica que o aumento de temperaturas depende de como as emissões evoluem. "Se as emissões forem reduzidas, as altas de temperatura serão menores, mas, senão, as altas serão maiores. De qualquer maneira, continuarão subindo porque, com o dióxido de carbono já existente na atmosfera, há uma grande inércia que justificaria essa alta".
Quanto às mudanças climáticas que este fenômeno pode provocar, Rivera argumenta que os temporais típicos de chuva atlântica, que eram os que davam água abundante, diminuíram muito na última temporada.
"Embora não seja um fato comprovado cientificamente, dá a impressão que, se antes as correntes do oeste a leste eram as predominantes, atualmente predominam as correntes norte-sul e sub-norte", acrescenta o cientista.
Segundo ele, é por isso que ocorrem mudanças bruscas das temperaturas. "Há alguns anos, as transições eram mais suaves e gradativas, enquanto, agora, há ondas de calor forte e frentes frias repentinas. No final, predomina como balanço global um tempo mais quente. Parece que essa é a tendência nos próximos anos que justificaria o aumento de temperatura e uma diminuição das precipitações em nível do século".
"Há também temas importantes como o do Ártico", adverte Rivera. "Essa frente de ar quente do sul rumo ao norte está dando lugar a maiores fusões no Ártico. Depois, o aumento de água doce acaba influindo nas correntes de ar e, portanto, na criação de anticiclones e tempestades. Essa fusão do Ártico é um dos sinais mais claros de que o planeta esquenta e, sem dúvida, isso tem repercussões na circulação global do planeta, embora não saibamos exatamente como".
Segundo o meteorologista, "o que não faz sentido é associar fenômenos individuais com a mudança climática, ou seja, não se pode dizer que uma onda de frio seja produzida diretamente pela mudança climática. É preciso observar a tendência durante 15, 20, 25 ou 30 anos de todas essas variáveis para dizer que um fenômeno é influenciado pelo aumento de temperaturas e pelo aumento das emissões de dióxido de carbono".
Essas mudanças bruscas de temperatura, o aumento de chuvas torrenciais e longos períodos de seca podem confundir e pegam de surpresa, às vezes com uma repentina alta nos termômetros. Por isso, a meteorologia é uma ciência cujo interesse aumenta, assim como também o trabalho de divulgação que, em nível geral, os meteorologistas estão fazendo.
"O interesse pela meteorologia é enorme. Cresceu exponencialmente, com associações que se dedicam à pesquisa como pelo público em geral, que a cada dia se sente mais preocupado", explica Rivera.
Por Isabel Martínez Pita.
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