Pai ganha guarda do filho de 5 anos agredido pela mãe com corda de rede
O Conselho Tutelar, através do Termo de Responsabilidade, deu a guarda provisória da criança ao pai biológico.
O menino J.V., 5 anos, que
foi agredido com cordas pela mãe, Leydimar Arraes dos Santos, 27 anos,
na última segunda-feira (9), fomentou discussões relacionadas à
violência cometida pelos pais contra os filhos.
Foto de Helder Sousa
O
pai da vítima, que não quis se identificar, relatou que o filho está
traumatizado e reafirmou que pediu a guarda definitiva da criança. "Eu
disse que agora minha esposa seria a mãe dele e ele disse: 'eu não quero
mais mãe, só pai'. Eu estou comovido. Existe ex-mulher, mas não existe
ex-filho e por isso vou lutar para tê-lo comigo".
O
Jornal do Piauí desta quarta-feira promoveu debate sobre o assunto. De
acordo com o conselheiro tutelar Dimas Leandro Bezerra, o menino foi
encontrado em situação de selvageria e teria acusado a mãe de agredi-lo
com cordas e cipó.
Foto de Helder Sousa
"Ele
contou que a mãe sentou com ele e perguntou sobre a escola. Isso teria
sido o motivo da agressão. Ele disse ainda que a mãe o obrigou, depois
da surra, a ficar de joelhos com as mãos para cima", relatou Dimas,
durante o debate.
O
conselheiro acrescentou que o pai da criança, que é separado da mãe,
foi procurado imediatamente e já pediu a guarda definitiva do filho.
"Através do Termo de Responsabilidade, resolvemos manter a criança com o
pai biológico, para evitar um abrigo", explicou.
Foto: Evelin Santos / Cidadeverde.com
A
assessora da Coordenação Judicial da Infância e da Juventude, Maria
Lila Carvalho, ressaltou que o caso deverá ser investigado dentro de um
contexto. "Não temos os detalhes do caso, as circunstâncias. Não sabemos
o que teria motivado a agressão. Temos que entender o contexto maior
dos envolvidos. Isso nos traz um questionamento: Quem de nós que tem
filhos nunca perdeu a paciência e extrapolou? Não podemos tirar o
agressor do contexto", disse.
A
assessora acrescentou que no Brasil, cerca de 18 mil crianças são
agredidas e isso estaria relacionado à cultura de propriedade dos pais.
"Os adultos se sentem proprietários dos filhos. A violência nunca pode
ser justificada, mas é explicada. Uma mãe dessas precisa ser tratada,
assistida. O problema real talvez não seja o ato, mas o que provocou o
ato".
Foto: Evelin Santos / Cidadeverde.com
Segundo
Maria Lila, das 18 mil crianças vítimas de agressão, 80% foram causadas
por parentes próximos. Destes, 70% são mães. "E, as agressões
consideradas mais graves são justamente as provocadas pelos pais",
enfatizou.
A
psicóloga Sara Cavalcante, que também participou do debate, afirmou que
a agressão conhecida como "palmada" também é negativa e que as
lembranças da criança não serão apagadas. "Qualquer forma de agressão é
negativa, mas, dentro de um contexto, com um trabalho multiprofissional é
possível reaproximar mãe e filho. Tudo depende do significado que dará
ao fato", explicou.
Mãe não ficou presa
A
mãe da criança agredida não permaneceu presa, mas foi enquadrada no
crime de maus tratos. Para o crime, está prevista pena de seis meses a
um ano. Leydimar Arraes dos Santos foi liberada após o registro do Termo
Circunstanciado de Ocorrência (TCO). Em conversa com a equipe da TV
Cidade Verde, ela negou que seja uma agressora.
Foto de Helder Sousa
Denúncias
O
conselheiro tutelar fez um apelo para que os diretores de escola
acionem o Conselho Tutelar ao perceberem que a criança está sendo mal
tratada. O número do órgão é (86) 3227-6714, mas a denúncia pode ser
feita também através do Disque 100.
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FONTE:
Jordana Cury
redacao@cidadeverde.com
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