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segunda-feira, 8 de abril de 2013

FANTÁSTICO denuncia a precariedade dos Bombeiros no PI


O Fantástico da Rede Globo neste domingo (07/04) mostrou como é a infraestrutura do Corpo de Bombeiros em várias cidades do Brasil. E o Piauí foi o destaque negativo. O repórter Maurício Ferraz esteve na cidade de Floriano e constatou que os oficiais que dirigem o carro do Corpo de Bombeiro nem habilitação possuem. Os carros contam com vazamentos, o que acaba prejudicando o trabalho durante as ocorrências. Em Piripiri, uma casa pegou fogo e sua moradora morreu queimada, pois o trabalho dos bombeiros não foi eficiente.
Na cidade de Floriano (PI), que tem 57 mil habitantes, pode faltar o principal na hora de apagar o fogo. O tanque de água do caminhão fica vazando o tempo todo. Por isso, mesmo sem ocorrência, todo dia tem que ser recarregado. São cinco mil litros de água por dia.
O caminhão é uma sucata. O freio não funciona direito e não há cinto de segurança. “Essa unidade também não tem sistema de rádio, não funciona o limpador de parabrisa. A porta sem vidro. Não tem condições de atender emergência. Ele vai, mas colocando em risco o tráfego”, destaca o presidente da Associação dos Bombeiros Militares do Piauí, Francisco Silva.
A equipe do Fantástico acompanhou um dia de trabalho dos bombeiros de Floriano. Nenhum deles está habilitado para dirigir o caminhão.
“O comandante geral sabe que os bombeiros dirigem sem permissão?”, perguntou o repórter.
“Tanto essa prática como outras condutas já foram informadas de maneira formal, mas o que nós temos percebido é a total ausência de manifestação prática da autoridade”, diz o capitão Anderson Pereira, da Associação dos Bombeiros Militares do Piauí.
A precariedade do Corpo de Bombeiros do Piauí foi constatada pelo Ministério Público do Trabalho. “Não fossem estabelecimentos de utilidade essencial para a segurança da sociedade, esses estabelecimentos inclusive deveriam ter sido interditados, eles não têm condições de prestar um mínimo atendimento à sociedade”, diz o procurador do Piauí José Wellington Soares.
Em Picos, também no interior do Piauí, 73 mil habitantes, outro exemplo de péssimas condições de trabalho: um caminhão bem antigo foi todo adaptado para armazenar água. Foi feita uma espécie de piscina na carroceria. O que era para ser só um quebra-galho virou permanente. “O que se observa é que continua operando, como se fosse uma viatura de combate contra incêndio”, aponta Pereira.
Em 2007, o governo do estado e o Ministério da Justiça fecharam um convênio para construir uma nova sede da corporação, em Picos. A equipe do Fantástico foi ver a obra indicada pelos próprios bombeiros, que estaria parada desde 2010. O prédio está abandonado, as paredes estão rachadas e o piso começou a trincar.
Foi o que aconteceu na quarta-feira (3), em Piripiri, cidade com 61 mil habitantes. Um incêndio destruiu uma casa em um bairro afastado. Maria dos Remédios Sousa, de 40 anos, morreu carbonizada. Ela era doente e morava sozinha. Foram os vizinhos que tentaram apagar o fogo. “O bombeiro foi meu filho que pegou a mangueira e estava por cima aguando, apagando”, diz a vizinha Francisca dos Remédios.
“É uma falta de investimento do poder público. Infelizmente, os administradores não querem ver a situação da comunidade”, afirma o promotor de justiça Nivaldo Ribeiro.
Uma pesquisa do Ministério da Justiça mostra que, no Piauí, há um bombeiro para cada grupo de 9.430 habitantes. É a pior proporção do país. “O que se estabelece internacionalmente é que se tenha um bombeiro para cada mil habitantes”, aponta o pesquisador José Carlos Tomina.
No Brasil, no que se refere a efetivo, apenas o Distrito Federal e os estados do Amapá e do Rio de Janeiro seguem os padrões internacionais de segurança. “O ideal seria que todos os municípios tivessem postos de bombeiros. A ideia é que, em sete minutos, no máximo, os bombeiros consigam chegar em qualquer emergência”, avalia Tomina.
Percorrendo o Brasil, o Fantástico encontrou outra situação grave. Devido à falta de bombeiros, o trabalho de prevenção a incêndios fica seriamente comprometido. Em grande parte do país, vistorias e alvarás demoram pra sair. “Se estivessem ocorrendo avaliações com rigor, muitos edifícios estariam em melhores condições. Muitos estariam interditados e nós não teríamos 200 mil incêndios por ano”, aponta Tomina.
Segundo o governador do Piauí, a situação vai mudar. “Nós convocamos os últimos 35 concursados recentemente. Já treinamos, qualificamos, capacitamos e agora autorizamos um novo concurso público para os bombeiros do Piauí”, afirmou Wilson Martins.
No cargo desde 2011, o comandante-geral dos bombeiros do Piauí reconhece a precariedade. “Você tem que entender que aqui é um caso extremo. Não tem como. Eu vou botar quem para dirigir o carro?”, pergunta Manoel Bezerra dos Santos. Essa foi a resposta sobre o fato de bombeiros dirigirem caminhões sem carteira de habilitação.
Quanto à falta de equipamentos e viaturas sucateadas, ele diz: “O que tem chegado aqui a gente tem procurado atender. Certamente, alguma coisa ou outra possa ter passado despercebida”.
Para ele, quem tem que se esforçar são seus subordinados, que comandam os bombeiros no interior. “Ele, comandante, solicita ao comandante aqui. Compete a ele vir aqui na capital e ver. ‘Ó, comandante, eu preciso disso aqui para poder dar agilidade nesse processo’. Ele tem lá dois carros pequenos para fazer vistoria. Se ele não dá conta, sinto muito”, afirma Santos.
Fonte: Com informações do Fantástico

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