Árvore onde Gregório foi morto pelo delegado Florentino (Foto: Gilcilene Araújo/G1) |
O
Piauí pode ter seu primeiro santo. Um grupo de pesquisadores e fiéis em
Teresina colhem provas para mostrar ao Vaticano que pessoas alcançaram
graças após rezarem para o motorista Gregório Pereira dos Santos, morto
em outubro de 1927. O motorista foi torturado e assassinado pelo
delegado de Barras, Florentino Cardoso. Na época, o filho do delegado
morreu após um acidente de carro conduzido por Gregório.
Cartaz do convite para a missa campal de beatificação (Foto: Gilcilene Araújo/G1) |
Neste
sábado (2), o grupo cultural Brigada Mandu Ladino promove em parceria
com a Igreja católica uma missa campal pela beatificação do Motorista
Gregório. A celebração eucarística acontece no monumento localizado na
Avenida Marechal Castelo Branco, Zona Norte de Teresina.
O
grupo de pesquisadores pediu antecipadamente aos fiéis que levassem a
graça alcançada por escrito com o nome e endereço. Esta documentação
será enviada para o Vaticano iniciar o processo de beatificação e
canonização de Gregório dos Santos.
Conheça a história do motorista Gregório
O economista e escritor Eneas Barros realizou uma pesquisa sobre a morte do motorista e lançou um livro que conta a história em 2008. Ele frisa que o livro é uma obra de ficção baseada em fatos reais. Em enrevista ao G1, Eneas relata o que descobriu após ler diversos jornais e documentos da época.
O economista e escritor Eneas Barros realizou uma pesquisa sobre a morte do motorista e lançou um livro que conta a história em 2008. Ele frisa que o livro é uma obra de ficção baseada em fatos reais. Em enrevista ao G1, Eneas relata o que descobriu após ler diversos jornais e documentos da época.
Economista e escritor Eneas Barros realizou uma pesquisa sobre a morte do motorista (Foto: Gilcilene Araújo/G1) |
“A
forma como Gregório foi morto chocou a sociedade teresinense. Ele era
natural da Paraíba e chegou em Barras para trabalhar como motorista de
um empresário, no entanto, seu patrão vendeu o veículo para Paróquia de
Nossa Senhora da Conceição e Gregório passou a trabalhar com Monsenhor
Lindolfo Uchôa. No dia do acidente, Barras estava em festa porque
receberia o Bispo de Teresina, Dom Severino Vieira de Melo, e quando
Gregório passava em frente a casa do delegado o filho dele atravessou na
frente do carro. Gregório não conseguiu frear a tempo para evitar a
batida”, contou o escritor.
Eneas
Barros conta que o filho do delegado faleceu logo após o acidente. Com a
morte da criança, Florentino trouxe Gregório para Teresina acorrentado,
proibido de beber e comer desde o momento em que foi preso no dia do
acidente. Florentino, Gregório, o corpo da criança e alguns soldados
vieram de Barras para Teresina em cima de um caminhão, de um lado estava
o motorista e do outro o filho do delegado dentro do caixão.
“Florentino
estava inconformado como falecimento do seu único filho e por isso
afirmava que Gregório iria pagar pela morte da criança. Quando chegou em
Teresina, Gregório foi acorrentado em uma árvore às margens do Rio Poti
e morto com um tiro no ouvido. No entanto, os devotos acreditam que o
motorista morreu com sede e fome, sem que lhe ouvissem as súplicas”,
revelou o escritor.
Um monumento foi construído no local onde Gregório dos Santos morreu (Foto: Gilcilene Araújo/G1) |
A
morte de Gregório dos Santos abalou a cidade de Teresina, transformando
a vítima em um mártir venerado por muitos. Um monumento foi construído
no local onde Gregório dos Santos morreu. No local há diversas mensagens
de agradecimento por graças alcançadas. Os devotos também deixam
garrafas com água, alguns acreditam que quando o líquido evaporar seus
pedidos serão realizados, já outros devotos afirmam que o gesto é uma
forma de matar a sede de Gregório.
Pessoas deixam garrafas com água e parte de corpo feitas em madeira (Foto: Gilcilene Araújo/G1) |
Em
algumas destas homenagens há relatos de pessoas que conseguiram
alcançar um objetivo ou foram beneficiadas por uma graça, após rezarem
para o motorista. Também há partes do corpo humano feitas em madeira, o
que segundo a Igreja Católica, são símbolos deixados por pessoas que
tiveram alguma enfermidade nesta região do corpo e atribuem sua cura ao
motorista Gregório.
A
servidora pública Sandra Freitas, 51 anos, diz ter conseguido uma graça
depois que pediu ao motorista que intercedesse por um sobrinho que
estava desempregado. “Eu pedia a ele que mediasse junto a Jesus Cristo
por meu sobrinho que estava desempregado. Um mês após a oração ele
começou a trabalhar. Em agradecimento, levo flores, água e acendo velas
em seu monumento”, disse.
Fonte: G1
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