Ao todo, nove pessoas de uma mesma família passaram mal e foram hospitalizadas na última quarta (1º) após comerem um arroz envenenado com inseticida. Três morreram e quatro receberam alta. Mãe e irmã da menina continuam internadas.
Por Eric Souza, Tiago Mendes, g1 PI, TV Clube
Lauane da Silva, de três anos, morreu na madrugada desta segunda-feira (6) no Hospital de Urgência de Teresina. Ela estava internada desde a última quarta-feira (1º), junto a outras oito pessoas da mesma família, após comer arroz envenenado com uma substância tóxica semelhante ao "chumbinho". Além dela, o irmão de um ano e oito meses e o tio de 18 anos também morreram (saiba quem são as vítimas).
Ao todo, três familiares morreram e quatro receberam alta. A mãe de Lauane, Francisca Maria da Silva, de 32 anos; e a irmã dela, uma menina de quatro anos, continuam internadas. Francisca está no Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (Heda), em Parnaíba, enquanto a outra garota está no HUT.
O laudo pericial do Instituto de Medicina Legal (IML) sobre a comida que foi ingerida pela família revelou que o veneno estava no baião de dois (arroz preparado com feijão) preparado por eles no dia anterior. Com o resultado, a Polícia Civil do Piauí (PCPI) investiga o caso como homicídio (entenda abaixo).
Segundo o médico Antônio Nunes, diretor do IML, o veneno foi colocado em grande quantidade no baião de dois. "Estava em todo o arroz, em grânulos visíveis", comentou o médico.
Já no peixe que foi doado à família na noite do dia 31, nada foi encontrado. A princípio, suspeitou-se que o peixe estivesse envenenado ou mesmo estragado, mas o exame pericial afastou essa possibilidade, e o casal que o entregou às vítimas não é mais considerado suspeito pela Polícia.
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Substância encontrada no arroz
Laudo confirma envenenamento em almoço de família no Piauí — Foto: Reprodução/TV Globo
A substância encontrada foi o veneno "terbufós", da classe dos organofosforados, utilizado como inseticida e nematicida (pragas de plantas). Ele ataca o sistema nervoso central e a comunicação entre músculos, causando tremores, crises convulsivas, falta de ar e cólicas. Os efeitos aparecem pouco tempo depois da exposição ao veneno, podem deixar sequelas neurológicas e causar a morte.
A substância é a mesma que foi usada para envenenar, em 2024, dois meninos de 7 e 8 anos da mesma família, filhos de Francisca Maria. Os dois meninos comeram cajus contaminados com a substância que foram dados a eles por uma vizinha. A mulher está presa por duplo homicídio qualificado.
Agora, a Polícia Civil investiga como o veneno chegou ao baião de dois. "É impossível ter ido parar lá sem intenção de alguém", comentou o delegado Abimael Silva.
Veneno foi colocado no dia 1º
Três pessoas morrem com suspeita de envenenamento no litoral do Piauí — Foto: Montagem/g1
No dia 31 de dezembro de 2024, noite de Réveillon, a família preparou uma ceia para comemorar a virada: carne, feijão tropeiro e baião de dois. Todos comeram, se divertiram e, de madrugada, alguns foram dormir e outros voltaram para suas casas.
No dia seguinte, 1º de janeiro, eles retornaram à casa, e havia sobrado parte do baião de dois.
Pela manhã, um casal que realiza um trabalho social de doação de alimentos passou pela casa e doou para a família parte dos peixes que haviam doado também para outras casas da região.
A família então fritou os peixes e serviu no almoço do dia 1º, para acompanhar o baião de dois. Poucos minutos depois, começaram a sentir os efeitos do envenenamento.
Segundo o delegado, o veneno foi colocado no arroz no dia 1° de janeiro, porque a família comeu o mesmo prato, da mesma panela, na noite de Réveillon.
"No dia 31, a família fez o baião de dois e consumiu, mas ninguém passou mal. Só depois do meio dia do dia 1º começaram a sentir os efeitos", comentou o delegado.
Com a conclusão dos laudos, os investigadores buscam descobrir quem cometeu o crime: se foi alguém da família ou se outra pessoa entrou na casa sem ser percebido e envenenou o baião de dois.
Entenda o caso
Manoel Leandro da Silva, de 18 anos, e Igno Davi da Silva, de 1 ano e 8 meses — Foto: Jornal Nacional/Arquivo pessoal
Ao todo, nove pessoas de uma mesma família passaram mal e foram hospitalizadas na última quarta-feira (1º) após comerem o almoço do dia 1º de janeiro. Três morreram: um bebê de um ano e oito meses, uma criança de três anos e um jovem de 18 anos.
Lauane e a irmã de quatro anos foram transferidas na última sexta-feira (3) para o HUT. A mãe delas, Francisca Maria, segue internada no Heda, em Parnaíba.
Outros dois parentes delas, um homem de 53 anos e uma criança de 11, receberam alta na sexta.
As vítimas são:
- Manoel Leandro da Silva, de 18 anos (enteado de Francisco de Assis) - morto;
- Igno Davi da Silva, de 1 ano e 8 meses (filho de Francisca Maria) - morto;
- Lauane da Silva, de 3 anos (filha de Francisca Maria e irmã de Igno Davi) - morta;
- Francisca Maria da Silva, de 32 anos (mãe de Lauane e Igno Davi e irmã de Manoel) - internada em Parnaíba;
- Uma menina de quatro anos (filha de Francisca Maria e irmã de Lauane e Igno Davi) - internada em Teresina;
- Francisco de Assis Pereira da Costa, de 53 anos (padrasto de Manoel e Francisca) - recebeu alta;
- Um menino de 11 anos (filho de Francisco de Assis) - recebeu alta;
- Uma adolescente de 17 anos (irmã de Manoel) - recebeu alta;
- Maria Jocilene da Silva, de 32 anos - recebeu alta.
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