O policial militar filmado enquanto agredia um idoso de 62 anos em Guaraí, região centro-norte do Tocantins, ingressou na corporação após o concurso de 2022, no cargo de soldado. Dados do Portal da Transparência mostram que ele possui remuneração bruta de R$ 6.783.
A agressão ocorreu após o cachorro da vítima se aproximar do policial em uma esquina, conforme o boletim de ocorrência registrado na delegacia. Depois da repercussão do caso, o militar foi afastado do serviço operacional e um processo administrativo disciplinar foi instaurado.
Nesta terça-feira (9), o porta-voz da PM, tenente-coronel Cleiber Levy, comentou as imagens e foi categórico: “não há nada que possa justificar” a violência registrada.

“Assim como em outros casos que não envolvem policiais militares, reações desta forma não há como justificar. O que vemos naquele vídeo é um fato que não encontra motivo que leve a esse ponto”, afirmou Levy à TV Anhanguera.
O policial envolvido afirmou à emissora que não irá se manifestar, já que o caso será analisado legalmente. Ele não estava em serviço no momento da agressão.
O vídeo divulgado nas redes sociais mostra o idoso caído no asfalto enquanto recebe cotoveladas, socos e chutes. Populares que presenciaram a cena intervieram e conseguiram afastar o militar.
Segundo o registro policial, a vítima caminhava com o cachorro quando o animal se aproximou do militar. O idoso pediu desculpas, mas acabou sendo atacado em seguida.
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que o idoso compareceu à 7ª Central de Atendimento da Polícia Civil, acompanhado de um advogado, para registrar a ocorrência. Ele passou por exame de corpo de delito.
As investigações seguem na 48ª Delegacia de Polícia Civil de Guaraí.
Íntegra da nota da Polícia Militar (PM)
A Polícia Militar do Tocantins (PMTO) informa que tomou conhecimento de imagens circulando em redes sociais que registram uma agressão, tendo como autor um policial militar fora de serviço em Guaraí-TO.
Sobre o atendimento da ocorrência, a instituição esclarece que uma equipe policial compareceu ao local dos fatos. No entanto, no momento da abordagem, as partes envolvidas optaram por não formalizar a representação criminal, procedimento legal necessário para a condução em casos dessa natureza.
Não obstante a questão processual, ao ter acesso à informação sobre o fato e às imagens que evidenciam a agressão e confirmar a participação de um integrante da instituição, o Comando da Unidade determinou a imediata instauração de procedimento administrativo disciplinar para apurar a conduta do militar. O objetivo é garantir que o caso seja tratado com o máximo rigor e isenção, aplicando-se os procedimentos previstos na legislação vigente.
A Polícia Militar do Tocantins reitera seu repúdio a qualquer forma de violência e afirma que não tolera comportamentos alheios à ética e à disciplina militar. A instituição mantém seu compromisso inegociável com a legalidade e o respeito aos direitos do cidadão, rejeitando condutas que não refletem os valores e princípios que regem a atividade policial.
O militar foi afastado do serviço operacional até o fim dos procedimentos.
Íntegra da nota da defesa da vítima
O escritório responsável pela defesa do senhor idoso, de 62 anos, vem a público manifestar profundo repúdio ao episódio de violência ocorrido na data de ontem, quando a vítima, durante um simples passeio com seu cachorro, foi agredida de forma injustificada por um policial militar à paisana.
A conduta narrada, além de absolutamente desproporcional, configura grave violação dos direitos e garantias assegurados a todo cidadão. Nada justifica o uso de força contra uma pessoa idosa que não apresentava qualquer risco ou resistência — situação que torna o ato ainda mais inaceitável.
Após o ocorrido, o senhor [vitima] foi encaminhado/acompanhado de seu advogado, à Delegacia de Polícia para registro do boletim de ocorrência e demais providências legais. Todas as medidas cabíveis, tanto na esfera criminal quanto administrativa, já estão sendo adotadas, a fim de assegurar a responsabilização do agressor e garantir a proteção da vítima.
Reiteramos nosso respeito à Polícia Militar e à relevante função que exerce na sociedade. Entretanto, é imprescindível destacar que eventuais desvios de conduta não podem ser tolerados; agentes que atuam de forma incompatível com a legalidade e a ética devem ser devidamente responsabilizados, para preservar a credibilidade da instituição e a segurança da população.
Reforçamos que repudiamos toda e qualquer forma de violência, sobretudo quando praticada por aqueles que têm o dever de proteger. Confiamos que o caso será apurado com rigor e transparência pelos órgãos competentes.
O escritório permanece à disposição para quaisquer esclarecimentos adicionais.
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