quinta-feira, 30 de junho de 2011

Tirar uma soneca



A soneca faz parte da rotina de Bianca Gregório Bueno, de 1 ano e 2 meses. “Ela costuma cochilar duas vezes, de manhã e à tarde, todos os dias”, conta a mãe, Cristiane. Apesar disso, a menina não tem problemas para dormir à noite. “Se as sonecas não acontecem por alguma razão, ela fica bem irritada até adormecer onde estiver”, acrescenta.

Nem sempre a criança gosta de cochilar no meio da tarde ou da manhã. Se o seu filho é dos que ficam de olhos bem abertos durante o dia, não perca o sono antes de ler esta reportagem. Fomos investigar até que ponto esse breve período de repouso (ou a falta dele) faz diferença

por Thais Ssegö | design Glenda Capdeville e Edde Redder | foto Omar Paixão

Além de esperta, a criançada anda cada vez mais alerta. Uma conceituada revista científica sobre sono, a americana Sleep, acaba de publicar um artigo que descreve uma pesquisa feita pelo Hospital Bradley em parceria com a Escola Médica Brown, ambos nos Estados Unidos. Os investigadores observaram 169 meninos e meninas de 1 a 5 anos, a faixa de idade que poderia ser adepta do cochilo diurno, e notaram que a esmagadora maioria dos pequenos acima de 18 meses — 82% deles — já tinham abandonado esse hábito. No Brasil, por enquanto, não há dados de pesquisa sobre o assunto, mas nossos especialistas acreditam que o fenômeno é mundial. Alguns lamentam, como é o caso da neurologista infantil Rosana Cardoso Alves, do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo. "A soneca, que deve durar uma ou duas horas, é necessária até os 4 anos mesmo que a criança costume dormir a noite inteira", diz, taxativa. "Do contrário, fatalmente surgem alterações do humor."
Outros médicos, como Gustavo Antonio Moreira, do Instituto do Sono da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), não vêem em princípio nenhum problema assim tão grave. "Não há uma regra a seguir", defende. "O que vale é respeitar as necessidades de repouso e o ritmo de cada um. Os pais devem insistir para a criança cochilar só quando percebem que ela vive irritadiça, cansada ou quando dorme muito no final de semana, depois de sair da rotina, o que é outro sinal de que ainda precisa do cochilo diurno."
O pediatra Fabio Ancona, também da Unifesp, lembra que, apesar de haver um pico na produção do hormônio do crescimento enquanto dormimos, "até hoje ninguém afirma que o sono diurno tenha algum impacto sobre o desenvolvimento físico". Ou seja, é o estado de ânimo do pequeno que conta para decidir a necessidade da soneca.
OPERAÇÃO NANA-NENÊ
Se o seu filho passa muito bem o dia inteiro acordado, relaxe. Não se desgaste como se precisasse seguir uma cartilha. Já se ele é do tipo que briga com o sono — ainda mais à luz do dia — e dá todos os sinais de sair fatigado dessa guerra, crie rituais.
A pele para um banho, cantigas, histórias ou mesmo uma boa conversa acompanhada de um cafuné. "É bom que a criança tire a soneca sempre no mesmo lugar e no mesmo horário", ensina a enfermeira obstetra Márcia Regina da Silva, da Maternidade São Luiz, em São Paulo. "Mas procure manter o ambiente mais claro para que ela perceba a diferença entre dia e noite e para evitar que esse descanso ultrapasse duas horas de duração." Márcia também sugere que esse repouso aconteça antes das 15 horas, para não atrapalhar o mais fundamental dos sonos — o noturno.

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