deve ser votado na Câmara com três votos a favor para um contra, prevê deputado
O Supremo Tribunal
Federal (STF) decidiu que é constitucional a exigência do exame da
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), previsto na Lei 8.906/94 – o
chamado Estatuto da Advocacia. A decisão aconteceu no julgamento do
Recurso Extraordinário (RE) 603583, realizado em 26 de outubro de
2011.
O julgamento da Suprema
Corte, no entanto, não convenceu o deputado federal Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), que apresentou o projeto de Lei nº 2154/2011, que se
aprovado revoga o inciso IV e § 1º do art. 8º da Lei nº 8.906, de
04 de julho de 1994, - Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados
do Brasil (OAB). Assim, milhares de bacharéis poderão advogar sem
exigência de exame de ordem, atualmente regulamentado em provimento
do Conselho Federal da OAB.
Para o deputado, o
exame de ordem é uma forma de reserva de mercado e, é uma aviltação
enorme a todo cidadão que se gradua em Direito e não pode
trabalhar.
Eduardo Cunha deu uma
entrevista ao site Justiça em Foco onde fala sobre o projeto para
acabar com o exame da OAB:
Justiça em
Foco (Editor/Ronaldo Nóbrega Medeiros: O senhor é autor do
Projeto de Lei nº 2154/2011, cujo objetivo é acabar com o Exame de
Ordem. Por que isso, o que está errado na manutenção da exigência
do exame da Ordem para autorizar o trabalho dos advogados no Brasil?
Eduardo Cunha:
O que está errado é que não tem sentido a única
profissão que depende de exame de conselho de classe para ser
exercida é a de advogado. Será que as outras profissões são menos
importantes? Por que arquitetos, engenheiros e médicos, por exemplo,
não tem essa obrigação? Isso é um privilégio inaceitável de um
conselho de classe que se acha acima do sistema de ensino do país.
Justiça em
Foco: Sabemos que a Constituição dispõe que o exercício
profissional é livre, mas que, a lei pode impor condições à
atuação dos profissionais. Isso, não é o que o Estatuto da
Advocacia faz ao regular o Exame de Ordem no Brasil?
Eduardo Cunha:
Não podemos permitir leis que sejam injustas e contenham
privilégios como esse, daí a proposta.
Justiça em
Foco: Então o Exame é abusivo, é apenas uma fonte de
arrecadação para os cofres da OAB?
Eduardo Cunha:
O exame é abusivo sim e fonte de arrecadação e
discriminação contra profissionais que se formaram segundo a
legislação do país e o sistema de ensino existente, regulamentado
e fiscalizado pelo governo.
Justiça em
Foco: Como pretendem enfrentar a imensa frente de
parlamentares, que defende OAB, donos de cursinhos e editoras? E os
selos de qualidade a cursos de Direito?
Eduardo Cunha:
Em primeiro lugar, conferir selo de qualidade é uma coisa,
outra é impedir o livre exercício da profissão. Outra coisa é
discutível: uma instituição corporativista comandada por uma
pessoa como Ophir ter capacidade de conferir qualidade. Desconheço
essa frente, o que sei é que recebo manifestações de apoio, que a
maioria absoluta dos líderes assinaram requerimento de urgência e
tenho certeza, pela minha experiência, que passará em plenário com
folga, e diria na razão de três votos a favor para um contra.
Justiça em
Foco: Para o senhor a alta taxa de reprovação da OAB, é
uma mentira que o ensino jurídico do país está ruim?
Eduardo Cunha:
A alta taxa de reprovação da OAB mostra o absurdo do exame
e dos seus objetivos de arrecadação e de reserva de mercado.
Justiça em
Foco: O presidente do Conselho Federal da OAB, Ophir
Cavalcante, fez uma dura crítica, na posse do ministro Ayres Britto
na Presidência do Supremo Tribunal Federal, chegou a afirmar que o
Congresso é um pântano. Qual sua opinião como congressista?
Eduardo Cunha:
O Ophir representa bem o pântano que falou e infelizmente
colocou a OAB no seu pântano.
Justiça em
Foco: Há previsão para a votação do projeto?
Eduardo Cunha:
O projeto será votado na Câmara talvez antes do recesso de
julho, basta a pauta de mês destrancar, e acho que terminará todo o
processo legislativo, assim como o projeto das eleições diretas na
OAB, antes da eleição do próximo presidente da Ordem, para que o
Ophir tenha esse legado no seu pântano.
Por Ronaldo
Nóbrega Medeiros - www.justicaemfoco.com.br
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