Moisés Luis do
Nascimento, Cândido Ferreira e Antônio Carlos de Souza. Todos eram taxistas e
viviam em Natal nos anos 60. Esses homens, segundo relatos da história, foram
vítimas de um dos bandidos mais famosos da crônica policial potiguar, que
depois de morto se tornou santo. João Rodrigues Baracho, ou simplesmente
“Baracho”, faz parte do Baú da Polícia.
O homem que
foi considerado o terror da cidade tinha uma especialidade: assaltar e matar
trabalhadores da noite, principalmente taxistas. Em um período de dois anos,
foram vários crimes atribuídos a ele. Baracho chegou a ser preso algumas vezes,
mas fugia logo depois para esconderijos nas cidades de Monte Alegre e São José
do Mipibu.
Natal naquela
época vivia dias de medo. Na noite de 29 de abril de 1962, após serrar as
grades de uma cela da delegacia de furtos e roubos, vigiada por seis homens,
ele ganhou mais uma vez a liberdade. Essa seria a última.
Túmulo de João Baracho ainda é abastecido com água e recebe constantes visitas |
Cícero Luiz
tinha 18 anos na época e era soldado do Exército. Ele lembra bem da história de
crimes assinadas por Baracho. Segundo ele, a cidade estava em pânico com a onda
de assassinatos os quais a autoria tinha um nome.
“Todos de
alguma forma queriam ficar longe do risco de ser vítima de Baracho. As pessoas
dormiam mais cedo e fechavam suas portas com medo de João. Eu cheguei até a ser
preso por causa daquele cabra [sic]. Em uma madrugada quando caminhava para o
quartel fui abordado pela guarnição da polícia do exército e eles acharam uma
faca na minha cintura... (risos). Cada um se protegia de Baracho do seu jeito”,
lembra.
João Baracho
foi morto na manhã do dia 30 de abril de 1962, após um cerco policial no bairro
do Carrasco, hoje Dix Sept Rosado. Segundo a história, quando fugia da PM, ele
chegou a pedir guarida a uma moradora e lá também pediu água. A mulher, além de
negar o segundo pedido do assassino ainda o entregou para a polícia. Baracho
foi morto com mais de 30 tiros.
Em seu túmulo
no cemitério do Bom Pastor, flores, velas, pernas e braços de madeira e
recipientes contendo água. Materiais simbólicos de supostos milagres atribuídos
à Baracho. Depois de quase 50 anos de sua morte, a saga do bandido santo vem
perdendo sua força, mas ainda existem aqueles que acreditam que o matador
de taxistas conseguiu o direito no camarote do céu, pelo simples fato de ter
morrido com sede.
Fonte: Portal BO
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