Saiu, neste domingo (24/11), na Veja Online nova reportagem sobre o Caso
Júlia Rebeca, da jovem que tirou a própria vida há cerca de vinte dias
na cidade de Parnaíba.
Desta vez uma matéria sobre como os casos de exposição na Internet têm
levado jovens à morte e cita, além de Júlia, que tinha 17 anos, Giana
Laura Fabi, de 16 anos, que também foi encontrada morta após imagens
dela vazarem na Internet.
Na matéria da Veja Online, a respeito do Caso Júlia, lembra que "nesses
casos, os culpados respondem pelos chamados crimes contra a honra -
injúria e difamação -, previstos no Código Penal com pena que varia de
três meses a um ano".
Casos Julia e Giana: pais precisam ficar em alerta |
CONFIRA NA ÍNTEGRA:
Sexo e internet: quando a exposição pode levar à morte
Casos
de duas adolescentes que se suicidaram após ter imagens íntimas
divulgadas na internet apontam os riscos de expor a privacidade nas
redes
-Mariana Zylberkan
No
último dia 14, a estudante gaúcha Giana Laura Fabi, de 16 anos, foi
avisada por uma amiga do colégio que uma foto em que aparece nua havia
sido espalhada pela internet. Três horas depois, Giana foi encontrada
morta em seu quarto pelo irmão. Segundo a polícia, ela se enforcou com
uma corda. Quatro dias antes, a 4.000 quilômetros da cidade gaúcha de
Veranópolis, outra adolescente, Júlia Rebeca Pessoa, de 17 anos, também
se enforcou depois de receber pelo celular um vídeo no qual ela fazia
sexo com uma amiga e um rapaz, todos menores de idade, na cidade de
Parnaíba, no litoral do Piauí.
A
prática de produzir e distribuir fotos e vídeos íntimos nas redes
sociais, conhecida como sexting, é expressiva no Brasil. De acordo com
uma pesquisa da ONG Safernet, que será divulgada no próximo dia 1º de
dezembro, 20% dos 2.834 usuários entrevistados já receberam textos ou
imagens co teor erótico, e 6% admitem que enviaram esse tipo de
conteúdo. A ONG calcula que ao menos 1.500 casos de vazamento de fotos
íntimos envolvendo adolescentes e adultos aconteceram no último ano e
meio. No entanto, disparar imagens ou vídeos íntimos, na maioria das
vezes feito em tom de brincadeira entre os adolescentes em fase de
iniciação sexual, caracteriza-se crime quando envolve menores de idade.
Tanto
no caso de Giana quanto de Júlia, a polícia investiga os responsáveis
pela disseminação das imagens - ambas consentidas. Giana foi vítima de
um garoto com quem trocava mensagens no Skype e para quem mostrou os
seios na webcam. O rapaz capturou a imagem e repassou para outros cinco
amigos. Foi o suficiente para a foto de Giana, nua, se espalhar pela
internet. “Ela era uma menina 100% alegre. Nunca teve depressão e nem
nada do tipo, era rodeada de amigos. Só que também era muito decidida.
Ela se apavorou e acabou tomando essa decisão”, diz o pai de Giana,
Marcos Fabi.
Pelo
ângulo como o vídeo foi captado, presume-se que foi Júlia quem filmou
toda a ação, mas a Polícia Civil do Piauí ainda investiga a morte. Os
condenados nesses casos podem responder por até três crimes -– produzir,
armazenar e divulgar esse tipo de material – previstos pelo Estatuto da
Criança e do Adolescente. Desde 2008, foram estabelecidas três penas
diferentes para quem capta, armazena e distribui imagens de sexo
envolvendo crianças e adolescentes. Juntas, essas penas vão de oito a
dezoito anos de reclusão. Nos últimos quatro anos, a Polícia Federal
prendeu cerca de 300 pessoas envolvidas nesses crimes.
O
rigor jurídico previsto para casos envolvendo adolescentes desaparece,
entretanto, quando se trata de vítimas maiores de idade. Nesses casos,
os culpados respondem pelos chamados crimes contra a honra - injúria e
difamação -, previstos no Código Penal com pena que varia de três meses a
um ano. A defesa da goiana Fran Santos, de 19 anos, tenta enquadrar o
ex-namorado Sérgio Henrique Alves, de 22 anos, na Lei Maria da Penha por
agressão, após ele ter divulgado vídeo íntimo do casal. Ele nega ter
distribuído o vídeo.
Por
causa da repercussão das imagens, Fran deixou o emprego de vendedora em
uma loja em Goiânia (GO) e praticamente não sai mais de casa. “Me senti
humilhada, por tudo que li e vi. A sociedade é muito cruel”, disse Fran
ao site de VEJA. Apesar do sofrimento, ela foi capaz de ir à delegacia e
fazer a denúncia, atitude que se tornou impossível para as duas
adolescentes que sucumbiram ao desespero.
A
atitude extrema de acabar com a própria vida é explicada, em partes,
pela relação intrincada entre as redes sociais e a vida social dos
adolescentes. Prova disso é que tanto Giana quanto Júlia escolheram o
Twitter para externar a angústia diante do vazamento das imagens. “Hoje à
tarde eu dou um jeito nisso. Não vou ser mais estorvo para ninguém”,
escreveu Giana no dia de sua morte. “Eu te amo, desculpa não ser a filha
perfeita, mas eu tentei”, escreveu Júlia à mãe, também antes de se
enforcar. As duas famílias dizem que só tomaram conhecimento do
vazamento das imagens após as mortes.
Aceitação
social - A busca por reconhecimento público é exacerbada na era da
internet. Na adolescência, essa necessidade de aceitação é ampliada. É
por meio dela que os jovens constroem a própria identidade, testando as
reações provocadas por seus comportamentos. “Quando essas relações
sofrem um abalo, o sofrimento é enorme porque quase toda a vida social
dos adolescentes está relacionada à internet. Para eles, a imagem
pública tem mais valor até do que a percepção de si mesmo. A morte
social hoje na internet é sinônimo de morte literal”, diz o psicólogo
Rodrigo Nejm, diretor da ONG Safernet.
Não
é preciso um fim trágico para casos de vazamento de imagens de sexo
envolvendo adolescentes ser passível de sofrimento para toda a família. O
delegado do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic)
Ronaldo Tossunian afirma que recebe quase diariamente famílias
desesperadas pedindo ajuda para tirar do ar fotos em que menores de
idade aparecem nus ou em cenas de sexo. “Os filhos têm medo de falar com
os pais e chegam aqui quando as imagens já estão espalhadas para todos
os lados. É quase impossível reverter, torna-se uma cicatriz virtual
para sempre.”
Desde
2011, o Deic não dispõe mais da Delegacia de Delitos Cometidos por
Meios Eletrônicos, que investigava casos desse tipo no Estado de São
Paulo. Segundo Tossunian, a medida foi tomada para priorizar o combate
ao crime patrimonial. As queixas passaram a ser encaminhadas para
distritos policiais quando há envolvimento de adultos e para o Grupo
Especial de Combate a Pornografia Infantil e os Crimes de Ódio da
Policia Federal quando a vítima é menor.
O
delegado afirma que mesmo os casos em que o acusado de espalhar as
fotos é um menor de idade é preciso prestar queixa, porque há
aliciadores de tráfico de pessoas e pedófilos prontos para se aproveitar
da situação. A polícia do Piauí mandou tirar do ar um site que vendia o
vídeo em que a adolescente Júlia Rebeca aparece fazendo sexo por 4,90
reais. A comercialização será investigada pela PF, que tenta rastrear
números de cartões de crédito de quem comprou e vendeu os vídeos.
Tipificação
- Nos Estados Unidos, a prática do sexting entre adolescentes é
igualmente disseminada. De acordo com uma pesquisa feita pelo
departamento de psicologia da Universidade de Utah, 20% dos estudantes
do Ensino Médio já fizeram autorretratos nus ou em cenas de sexo e os
enviaram a amigos pelas redes sociais.
No
país, a discussão sobre a tipificação desse tipo de crime se
intensificou em 2009, mas apenas a partir do ano passado foram aprovadas
leis que estabelecem penas. Atualmente, só quatro Estados – Havaí,
Pensilvânia, Dakota do Sul e Nova York – preveem penas para quem produz,
armazena e envia imagens de nudez e sexo explicito envolvendo
adolescentes.
No
Brasil, o deputado federal Romário (PSB-RJ) apresentou projeto de lei
que torna crime com pena de até três anos de prisão a divulgação
indevida de vídeos e fotos de conteúdo íntimo.
Sete dicas para não ter sua intimidade divulgada na internet:
1-Prevenção
Segundo orientações da ONG Safernet Brasil, para evitar ter a privacidade devastada nas redes sociais, o ideal é não produzir fotos íntimas no ambiente virtual. Apesar de representar uma restrição ao livre uso da internet, a recomendação é válida já que o controle sobre qualquer conteúdo virtual é praticamente impossível. “Você colocaria fotos íntimas no mural da escola ou sairia distribuindo em um shopping center? E por que então fazer isso na internet, espaço que também é público?”, convida à reflexão cartilha elaborada pela ONG.
2-Aliciadores
Desconfie sempre de desconhecidos que pedem para receber fotos ou se comunicar por meio da webcam em salas de bate-papo ou em redes sociais. Nunca se tem certeza de quem está do outro lado. Aliciadores agem ganhando a confiança da vítima e, depois, manipulam imagens enviadas inocentemente e fazem montagens para chantagear. Nessas situações, bloqueie o usuário e acione a polícia.
3-Criptografar
Existem serviços que criptografam mensagens e impedem pessoas desautorizadas de acessar seu conteúdo. A medida é útil para quem quiser exercer o poder de sedução por meio da internet com segurança.
4-Denuncie
No caso de receber via internet qualquer tipo de conteúdo pornográfico envolvendo crianças ou adolescentes, deve-se prestar queixa à polícia por se tratar de um crime. A denúncia pode ser feita no Disque 100 (canal de comunicação do Departamento de Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos), em qualquer delegacia ou ao conselho tutelar mais próximo.
5-Peça ajuda
Toda vítima de vazamento de fotos íntimas na internet deve procurar orientação de um advogado após fazer denúncia à polícia. Se alguém conhecido estiver passando por isso, o encoraje a denunciar.
6-Ao vivo
É preciso ter cuidado ao usar a twitcam (ferramenta que permite usuários do Twitter transmitir conteúdos ao vivo). O que é dito ou exibido na rede pode ser visto instantaneamente por pessoas do mundo inteiro – inclusive as más intencionadas.
7-Ajuda profissional
Caso passe pelo constrangimento de ter fotos íntimas espalhadas pela internet, é importante procurar um psicólogo para enfrentar a situação. O cyberbullying pode ser devastador para a autoestima, o que pode causar depressão e estresse pós-traumático.
1-Prevenção
Segundo orientações da ONG Safernet Brasil, para evitar ter a privacidade devastada nas redes sociais, o ideal é não produzir fotos íntimas no ambiente virtual. Apesar de representar uma restrição ao livre uso da internet, a recomendação é válida já que o controle sobre qualquer conteúdo virtual é praticamente impossível. “Você colocaria fotos íntimas no mural da escola ou sairia distribuindo em um shopping center? E por que então fazer isso na internet, espaço que também é público?”, convida à reflexão cartilha elaborada pela ONG.
2-Aliciadores
Desconfie sempre de desconhecidos que pedem para receber fotos ou se comunicar por meio da webcam em salas de bate-papo ou em redes sociais. Nunca se tem certeza de quem está do outro lado. Aliciadores agem ganhando a confiança da vítima e, depois, manipulam imagens enviadas inocentemente e fazem montagens para chantagear. Nessas situações, bloqueie o usuário e acione a polícia.
3-Criptografar
Existem serviços que criptografam mensagens e impedem pessoas desautorizadas de acessar seu conteúdo. A medida é útil para quem quiser exercer o poder de sedução por meio da internet com segurança.
4-Denuncie
No caso de receber via internet qualquer tipo de conteúdo pornográfico envolvendo crianças ou adolescentes, deve-se prestar queixa à polícia por se tratar de um crime. A denúncia pode ser feita no Disque 100 (canal de comunicação do Departamento de Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos), em qualquer delegacia ou ao conselho tutelar mais próximo.
5-Peça ajuda
Toda vítima de vazamento de fotos íntimas na internet deve procurar orientação de um advogado após fazer denúncia à polícia. Se alguém conhecido estiver passando por isso, o encoraje a denunciar.
6-Ao vivo
É preciso ter cuidado ao usar a twitcam (ferramenta que permite usuários do Twitter transmitir conteúdos ao vivo). O que é dito ou exibido na rede pode ser visto instantaneamente por pessoas do mundo inteiro – inclusive as más intencionadas.
7-Ajuda profissional
Caso passe pelo constrangimento de ter fotos íntimas espalhadas pela internet, é importante procurar um psicólogo para enfrentar a situação. O cyberbullying pode ser devastador para a autoestima, o que pode causar depressão e estresse pós-traumático.
Publicado Por: Allisson Paixão
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