O carioca Jairo Rueda de Oliveira
Guimarães, que morreu em Belo Horizonte depois de passar mal durante o
jogo entre Brasil e Chile no sábado (28), comemorava o aniversário de 69
anos realizando o sonho de ver a seleção brasileira em campo na Copa do
Mundo. O coração do torcedor não suportou a emoção provocada pela
disputa dramática no gramado. Jairo passou mal dentro do Mineirão e foi
retirado do estádio antes da disputa de pênaltis que afligiu todo o
país. Segundo a família, o aposentado morreu sem saber o resultado da
partida.
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Botafoguense e Portelense de coração,
Jairo dedicava seu tempo a compor samba. Ele havia combinado um
churrasco com os amigos da agremiação azul e branca para festejar o
aniversário. No entanto, os planos mudaram quando, na quarta-feira (25),
um dos filhos o surpreendeu com um presente: ingressos para a partida.
“Ele começou a chorar quando soube que iria ao jogo. Era um sonho dele
isso e ele adorava futebol”, contou o administrador João Marcello Rangel
Barreto, 38 anos, sobrinho de Jairo, que conseguiu comprar quatro
entradas para a partida.
Ida para Belo Horizonte
Na
sexta-feira (27), Jairo comemorou com a família o aniversário de um dos
seis netos. Por volta das 23h, ele, o filho e o sobrinho e a mulher
seguiram de carro para a capital mineira. Chegaram ao estádio por volta
do meio-dia de sábado. Fizeram fotos, comeram e se vibraram com o início
do jogo.
“Ele estava muito emocionado. Nunca
tinha visto um estádio daquela forma e disse que futebol tinha que ser
daquela forma, com a família indo junto, com as crianças, em clima de
festa”, contou o sobrinho, que relatou também ter sentido dor no peito e
procurado o posto médico dentro do estádio antes do início da partida.
“O médico pediu para eu fazer um eletro [cardiograma] e constatou que
estava tudo bem”.
Jairo cantou o Hino Nacional, abraçou
torcedores na arquibancada, comemorou o gol de David Luiz. “Ele explodiu
de emoção. Quando o Chile empatou, ele ficou triste mas continuou
torcendo”, narrou o sobrinho.
Arritmia cardíaca
No intervalo, o aposentado disse que
iria ao banheiro e não retornou. “Um voluntário da Fifa nos procurou e
disse que ele tinha chegado sozinho ao posto médico”, contou João.
Diabético, Jairo estava com a glicose alta. Em seguida, foi submetido a
um eletrocardiograma que constatou arritmia cardíaca. Do estádio, foi
levado para um hospital particular na Região Centro-Sul de Belo
Horizonte, para onde a família seguiu de táxi.
Segundo o sobrinho João, Jairo deu
entrada na unidade médica às 15h49. “Ele chegou bem ao hospital, lúcido,
conversando. O filho estava com junto quando ele sofreu a parada
cardíaca. Eram 17h45. O jogo já tinha acabado. O filho acha que ele nem
sequer soube o resultado. Mas a gente tem certeza que ele estava muito
feliz naquele dia”.
O corpo de Jairo foi trazido de volta ao Rio e enterrado no Memorial do Carmo, no Caju, Zona Norte, às 16h de domingo (29).
A família de Jairo espera que a história
dele chegue ao conhecimento da seleção brasileira e que os jogadores
façam uma homenagem para o aposentado, que era apaixonado pelo futebol e
acreditava no hexacampeonato do Brasil.
“A gente gostaria que a morte dele não
fosse uma estatística de Copa do Mundo. Ele foi um senhor que viveu uma
alegria enorme naquele dia. Era um sonho que ele realizava ali. Ele foi
mais um brasileiro que acreditou na seleção, e que acabou dando a sua
vida naquele estádio”, disse João, frisando que aguardará alguma
mensagem da seleção. “Uma camisa autografada, uma carta, qualquer gesto
mostrando que os jogadores vão continuar brigando e vão batalhar em
homenagem ao Jairo”, disse João.
Neto emociona a família
O sentimento da família foi traduzido
pelo neto mais velho de Jairo, um garoto de 9 anos que surpreendeu todos
os familiares com uma mensagem que postou numa rede social. “Ontem, eu
achei que o falecimento do meu avô, era tudo culpa da Copa. Não era. Ela
fez o falecimento ser menos doloroso, tanto para ele quanto para nós”,
diz a mensagem.
“Esse avô era o melhor amigo dele. A
história do Felipe é de um garoto brasileiro que morou na África, no
Canadá, e teve o avô como companhia. O Jairo foi para lá tomar conta
dele enquanto os pais trabalhavam”, disse João.
Data marcante
Dia 28 de junho é uma data que marcará
para sempre a família por uma triste coincidência. Isso porque Jairo
morreu no mesmo dia em que o pai dele faleceu, e pelo mesmo motivo:
infarto.
Apesar da tristeza, João frisou que a
perda para a família aconteceu num dia de muita alegria para o país.
“Como disse um cumpadre meu, só mesmo a maior festa do país para
celebrar a vida do Jairo”, destacou o sobrinho.
Fonte: G1
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